Por G1 Rio
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Governador do RJ, Luiz Fernando Pezão, vai recorrer ao Tribunal Superior Eleitoral (Foto: Reprodução/TV Globo) |
Por
3 votos a 2, o Tribunal Regional Eleitoral do Rio (TRE-RJ) decidiu
nesta quinta-feira (8) pela cassação do mandato da chapa do governador
do estado, Luiz Fernando Pezão, e do vice, Francisco Dornelles, por
abuso de poder econômico e político. Os dois ficam inelegíveis por oito
anos.
Pezão e Dornelles vão recorrer ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE)
assim que for publicada a decisão. Segundo as assessorias de imprensa do
TRE e do governo, até que o recurso seja julgado governador e vice
podem permanecer no cargo.
Na decisão, ficou determinada a realização de eleições diretas para a
escolha dos representantes do Poder Executivo estadual. A decisão, no
entanto, só produz efeito após o "trânsito em julgado", ou seja, quando
não couber mais recurso.
"Teve um efeito suspensivo, o TRE manteve ele no cargo (...) [Pezão]
Vai recorrer e a gente espera que ele tenha sucesso para o bem do Rio de
Janeiro", declarou o presidente da Assembleia Legislativa (Alerj) e
aliado de Pezão, Jorge Picciani, em entrevista ao RJTV.
Picciani negou um possível adiamento da sessão previstas na Alerj para
esta quinta-feira (8). Na pauta, entre outros temas, está a privatização
da Cedae.
O pedido inicial da ação foi protocolado pelo PSOL. “Houve abuso de
poder econômico na campanha do governador. Por isso que a decisão do TRE
é pela cassação da chapa (...) Claro que depende do TSE para que ele
possa ser definitivamente cassado, mas é a prova de que é um governo
ilegítimo", declarou o deputado Marcelo Freixo.
Segundo o líder do PSOL na Alerj, caso o TSE negue recurso de Pezão, as
eleições podem ser indiretas, apesar da decisão do TRE desta quinta.
"A indicação do TRE é a eleição direta, mas pode ser que a eleição seja
indireta, pois já está no segundo ano do governo e a Assembleia
Legislativa é que votaria. O ideal e mais democrático é que seja uma
nova eleição direta. Isso que a população deseja", explicou Freixo.
Material irregular de campanha
A ação trata da produção irregular de material irregular de campanha sem prestação de contas. Segundo a Procuradoria Regional Eleitoral (PRE-RJ), foram omitidos gastos de mais de R$ 10 milhões na campanha de Pezão ao governo, em 2014.
Segundo a decisão do TRE, houve abuso de poder econômico e político na
concessão de benefícios financeiros a empresas como contrapartida a
posteriores doações para a campanha do então candidato Pezão e de seu
vice.
"Restou comprovado que contratos administrativos milionários foram
celebrados em troca de doação de campanha", afirmou um dos membros da
Corte, desembargador eleitoral Marco Couto, em seu voto.
Segundo o pedido da PRE, uma diligência da equipe de fiscalização do
Tribunal Regional Eleitoral (TRE) na empresa High Level Signs constatou,
ainda na campanha, divergência entre a tiragem registrada no material
gráfico do então candidato e a que constava nas notas fiscais. A High
Level Signs se declara como um "pool" de empresas formado por seis
gráficas.
De acordo com a procuradoria, a prestação de contas de Pezão foi
aprovada com ressalvas pelo TRE. O relator Fábio Uchôa, que votou pela
não aprovação, apontou uma série de falhas que, segundo ele, omitem
despesas de mais de R$ 10 milhões. Por isso, a PRE pediu que a prestação
de contas de Pezão fosse anexada à representação.
No entendimento da PRE, o gasto não declarado com as gráficas, a
omissão de despesas na prestação de contas e a divergência entre as
doações diretas recebidas e as informações prestadas pelos doadores de
campanha demonstram que houve gasto ilícito de recurso para fins
eleitorais. Além disso, o material apreendido na gráfica, examinado pela
Polícia Federal e comparado com informações obtidas junto à Receita
Federal, mostra que a movimentação financeira das empresas que formam o
grupo é maior do que aquela declarada.
Além da cassação dos diplomas de Pezão e Dornelles, o procurador
regional eleitoral Paulo Roberto Bérenger pediu a quebra de sigilo
bancário das empresas e de seus sócios para a instrução do processo.
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