Atualmente, no Maranhão, Codó e Timbiras
são os municípios que mais exportam mão-de-obra escrava para outros
Estados, principalmente para Minas Gerais e Pará. Ambas pela mesma
razão destacada por a lavradora timbirense Maria de Jesus Carvalho, dona
Dijé, do povoado Alegria – a falta de oportunidade para sustentar a
família na terra natal.
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Atividade do RAICE em Timbiras (24 10 2018) |
“O nosso Poder Público
investir mais, entendeu, na nossa zona rural e faça ter como ganhar
dinheiro que não tenha como sair pra fora, isso aí era excelente…TANTO
NO CAMPO, QUANTO NA CIDADE? Na cidade, porque muitos sabem que não tem
como, vira pro lado e pra outro muitos largam até o estudo”, disse.
DADOS ALARMANTES
De 2003 a 2017 Codó já teve mais de 400
trabalhadores resgatados de fazendas em situação análoga a de escravos.
Em igual período este número em Timbiras chega a 239 (Destes, 108
foram resgatados e disseram aos fiscalizadores que nasceram em Timbiras,
o restante é residente mesmo).
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RAICE em Timbiras |
Por conta desta situação Codó e Timbiras
são os únicos municípios do Maranhão a fazerem parte de um projeto que
une Organização Internacional do Trabalho (OIT), Ministério Público do
Trabalho (MPT) e Comissão Pastoral da Terra (CPT).
TRABALHO EM ANDAMENTO
Encontros foram realizados terça e
quarta-feira (24) pela REDE DE AÇÃO INTEGRADA PARA COMBATE AO TRABALHO
ESCRAVO (RAICE) nos dois municípios. Foram convidados representantes de
entidades da sociedade civil organizada e do Poder Público.
Quem nos explicou a finalidade destes encontros foi o coordenador regional da CPT/MA, Ronilson Costa.
“Ele [encontro] visa, exatamente,
dialogar com os gestores públicos desses dois municípios Codó e Timbiras
para construir um plano de ação que vá de encontro com os interesses
dessa população vulnerável. Então há todo um processo de construção, de
avaliação para ver qual é de fato a realidade e o que cada setor da
administração pública e da sociedade civil pode contribuir nesse
processo”
O PLANO
O plano a ser construído precisa incluir
medidas que combatam os motivos que fazem codoenses e timbirenses serem
prezas fáceis para os aliciadores – explicou Linalva Cunha, uma das
coordenadoras do RAICE – medidas que talvez até já existam, mas que não
são implementadas com foco no fim do trabalho escravo.
“Que tal a gente pegar todas essas
ações, juntar no mesmo plano pra que a gente desenvolva essas ações no
dia-a-dia, já que elas estão para serem executadas e elas atendam
diretamente essas famílias que estão em situação de vulnerabilidade? (…)
nós precisamos que a sociedade compreenda que ele existe, ele tá nas
famílias e isso tudo é proveniente da ausência de direitos básicos,
acesso à água, acesso à saúde, acesso à educação, às politicas sociais”,
justificou.
COBRANÇA POSTERIOR
Depois, destaca Brígida Rocha dos Santos, da coordenação da rede de ação, o plano será acompanhado.
“Que sejam construídas essas ações e o
que for firmado no plano possa acontecer pois são demandas de políticas
publicas essenciais pra essas famílias que saem, que deixam ser
aliciadas acreditando no futuro melhor”, asseverou.
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