Aprovada pelo Congresso no mês passado, LDO do próximo ano foi publicada no 'Diário Oficial da União' desta quarta-feira.
A prioridade para as metas do Plano Nacional de Educação (PNE) está entre os mais de 40 vetos do governo na versão sancionada da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2018. A lei que orienta como serão realizados os gastos públicos no próximo ano foi sancionada nesta quarta-feira (9).
O PNE é uma lei que disciplina quais são as metas que devem ser
alcançadas pelas esferas federal, estadual e municipal na educação.
Levantamento realizado por entidades do setor apontam que apenas 20% dos objetivos previstos para até 2017 foram cumpridos dentro do PNE.
A LDO de 2018 foi aprovada no mês passado pelo Congresso Nacional contemplando um rombo primário nas contas públicas de R$ 131,3 bilhões para 2018,
dos quais R$ 129 bilhões somente para o governo federal. A LDO também
traz uma estimativa de salário mínimo de R$ 979 para 2018, um aumento de
4,4% em relação ao salário mínimo em vigor neste ano.
Entre os vetos do governo feitos na LDO de 2018, está um que fixava
gastos mínimos em saúde com base também no crescimento populacional
estimado para o próximo ano. Outro dispositivo da LDO de 2018 que foi
vetado pelo governo é o que determinava, para o próximo ano, a
realização de uma auditoria da dívida pública, com a participação de
entidades da sociedade civil, no âmbito do Ministério da Fazenda e do
Banco Central.
Artigo vetado em educação
No campo da educação, foi vetado o seguinte artigo: “Art.
21. A alocação de recursos na área de Educação terá por objetivo, no
Projeto e na Lei Orçamentária de 2018, o cumprimento das metas previstas
no Plano Nacional de Educação, Lei no 13.005, de 25 de junho de 2014.
Parágrafo único. A alocação de recursos de que trata o caput deverá
buscar a implantação do Custo Aluno Qualidade inicial - CAQi, nos termos
da estratégia 20.6 do Plano Nacional de Educação.”
O governo alega que a prioridade para o PNE pode afetar o cumprimento
da meta fiscal. "A medida restringiria a discricionariedade alocativa do
Poder Executivo na implementação das políticas públicas e reduziria a
flexibilidade na priorização das despesas discricionárias em caso de
necessidade de ajustes previstos na Lei Complementar no 101/2000 (LRF),
colocando em risco o alcance da meta fiscal”, afirmou o governo na nota.
Gasto por aluno não sai do papel
Além de afetar de forma genérica todas as metas do PNE, o veto acaba
com uma tentativa de tirar do papel o Custo Aluno-Qualidade, índice que
prevê um valor mínimo a ser gasto por aluno, para garantir um ensino
público de qualidade.
De acordo com o Plano Nacional de Educação (PNE), o Brasil já deveria
ter definido e implementado o valor do Custo Aluno-Qualidade inicial
(CAQi) até julho de 2016, mas descumpriu o prazo. Especialistas já
ouvidos pelo G1 apontam que o índice é essencial para recuperar o déficit educacional brasileiro.
Prioridades ignoradas, segundo especialista
Daniel Cara, coordenador geral da Campanha Nacional pelo Direito à Educação (CNDE), afirmou ao G1
que, ao vetar o PNE na lista de prioridades para 2018, “o governo Temer
está formalizando o fim do PNE, que é coerente com a falta de
compreensão desse governo de que as políticas sociais são prioridades”.
Ele afirmou que, desde que entrou em vigor, o plano já vinha sendo
descumprido tanto pelo governo de Dilma Rousseff quanto pelo de Michel
Temer, mesmo figurando na lista de prioridades na Lei Orçamentária.
Isso, segundo Cara, mostra que, mesmo que na teoria o PNE fosse
considerado prioritário, na prática, isso não se refletia.
Mesmo assim, ele afirma que era importante que o Plano Nacional de
Educação se mantivesse entre as prioridades oficiais. “Por que era
importante o PNE constar [na lista de prioridades]? Porque você ainda
tinha uma briga dentro do Estado brasileiro para viabilizar o plano.
Existem atores dentro do estado, e na sociedade civil, que lutam para
que o plano seja prioridade”, diz ele.
“Se antes era uma prioridade só no papel, tirando do papel, acabou o nosso espaço de diálogo com o governo federal para lutar pelo Plano Nacional de Educação.” - Daniel Cara
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