O medo de outrora foi substituído pela euforia dos gritos, dos discursos calorosos, dos estampidos dos fogos, das cores e bandeiras tremulando no ar.
Para o bem geral da nação está decretado o fim da pandemia da covid-19.
Fica permitido braços e abraços apertados, palavras ao “pé do ouvido”, mãos unidas a desenhar o V da vitória.
As multidões festejam.
Os números que antes contabilizavam vidas perdidas nas primeiras páginas dos jornais, agora, em tamanhos garrafais, anunciam alegremente nas avenidas e ruelas os rumos da boa nova, da terra enfim prometida, das promessas de um amanhã melhor.
Não.
A realidade por trás do tremular das bandeiras é bem diferente.
Os números, não as dezenas pronunciadas em alto som, mas os milhares que contabilizam as mortes da atual tragédia continuam a avançar silenciosamente.
Mais uma vida perdida, e mais outra ...
A solidão e o silencio do sepulcro, privado da presença da família e amigos, contrastam com a euforia e entusiasmo das ruas.
Política, partidos, promessas, povo, pandemia.
Há muita coisa em jogo nesta sequência de palavras.
Dizem que nas primeiras não se pode menosprezar o inimigo, pelo risco de ser surpreendido por ele.
E quanto a vida?
Talvez o maior risco a ela seja banalizar o perigo que lhe cerca.
E não vale esta mais do que todo o resto?
Prof. Walterli Lima
quinta-feira, 17 de setembro de 2020
POR PROFESSOR WALTERLI LIMA - "O povo está nas ruas".
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