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Apenas 9% da população suíça economicamente ativa recebem salário mensal inferior a 4 mil francos |
O valor equivale a 4 mil francos suíços, ou 22 francos suíços (R$ 54,80) por hora de trabalho. Se aprovado, o primeiro salário mínimo do país também será o mais alto do mundo.
Atualmente, o ranking mundial é liderado por Luxemburgo (R$ 23,60), seguido por França (R$ 23,56) e Austrália (R$ 22,63). No Brasil, o mínimo mensal de R$ 724 reais corresponde a R$ 3,29 por hora. Os dados são da OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico) para 2013.
Suíça terá referendo para decidir aumento do salário mínimo para cerca de R$ 55 por hora
'A grande questão na Suíça é o custo de vida, que é muito alto. Estima-se que o mínimo rendimento para uma vida decente no país seja de 3,8 mil francos suíços [cerca de 9,46 mil reais]', explicou à BBC Brasil o economista brasileiro Guilherme Suedekum, que cursa mestrado em Estudos de Desenvolvimento Econômico no Graduate Institute, em Genebra.
Dados do governo da Suíça indicam que apenas 9% da população economicamente ativa, ou seja, 330 mil suíços, recebem salário mensal inferior a 4 mil francos.
O país também figura entre os mais ricos da Europa e resistiu incólume à crise econômica que abala o continente desde 2010. Grande parte do feito deve-se ao setor bancário, o mais lucrativo da Suíça.
'Do ponto de vista econômico, a proposta da adoção de um salário mínimo é mais prejudicial do que benéfica, mas do ponto de vista social, pode ser uma opção de desenvolvimento com menos pujança', afirmou Suedekum.
Segundo a União Sindical Suíça (USS), que propôs o referendo, a iniciativa promoveria um salário digno, distribuiria a renda no país e também ajudaria a diminuir a diferença de salários pagos a homens e mulheres (que representam a maioria entre os que recebem menos).
'Quero que meu filho possa sair da faculdade com a garantia de um salário mínimo que ao menos pague as contas dele', afirmou a vendedora suíça Barbara Martin, 43.
Grande parte dos imigrantes também vê com bons olhos a ideia do mínimo. 'Dá uma sensação de mais segurança e é um valor alto, ao contrário do mínimo no Brasil, que não dá para nada', disse Larissa Ribeiro, manicure em um salão de Genebra.
Oposição
Por outro lado, os opositores sugerem que a proposta possa provocar uma disparada da inflação e do desemprego. 'Como o mínimo é um indexador e serve de base para toda a economia, a tendência é de que ele puxe para cima os outros salários e os preços também', acrescentou Suedekum.
Em comunicado divulgado nesta semana, a Associação Suíça dos Empresários declarou que a aprovação de um mínimo seria uma medida 'socialmente e economicamente fatal'.
Segundo a organização, pequenos e médios empresários teriam dificuldade de arcar com os salários, principalmente em regiões menos abastadas do país, fora do eixo Genebra-Zurique.
'A Suíça tem uma economia estável, mas o salário mínimo fixo cria rigidez para as empresas. Não é possível, por exemplo, reduzir pagamentos no caso de uma crise. Como acontece no Brasil, a única solução acaba sendo demitir pessoal', explica Suedekum.
Pesquisa de opinião, realizada pelo instituto SSR e divulgada no último dia 7, indicava que 64% dos entrevistados eram contra a proposta do mínimo e 30% a favor.
Atualmente, dos 28 países da União Europeia, apenas sete não possuem um salário mínimo fixado nacionalmente: Dinamarca, Itália, Áustria, Finlândia, Chipre, Suécia e Alemanha.
A partir de janeiro de 2015, porém, Berlim também adotará um mínimo de 8,50 euros por hora (R$ 25,80).
Fonte: portal R7
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