No
poste que fica em frente ao número 25 da Rua Jaime Costa, no bairro de Jardim
São Cristóvão, em São Luís, no Maranhão, a marca de sangue ainda tinge o chão.
Foi ali que, na segunda-feira (06/07), Cleidenilson Pereira da Silva, amarrado
e surrado, morreu, após tentar assaltar um bar a poucos metros de distância.
Próximo ao palco da barbárie, o clima é de apreensão, e poucos comentam
abertamente o linchamento — os comerciantes da região, em sua maioria, ainda
mantêm as portas de seus estabelecimentos cerradas. O silêncio quase
hegemônico, porém, não significa arrependimento.
—
O desfecho foi bom para todos, pois quem morreu foi o marginal — sentencia,
pedindo anonimato, uma filha do dono do bar que seria roubado.
Antonio
Pereira da Silva e Maria José Gonçalves Pires discordam. Pai e madrasta de
Cleidenilson, os dois procuram entender não só o envolvimento do filho no
assalto (ele nunca tivera relação com crime), mas também a brutalidade dos que
espancaram o rapaz de 29 anos até a morte.
—
A única coisa que eu queria perguntar a eles é como estão colocando a cabeça no
travesseiro — desabafa, entre lágrimas, a auxiliar de cozinha Maria, considerada
por Cleidenilson como sua mãe.
A
mãe biológica entregou o filho para o lanterneiro Antônio quando o menino tinha
2 anos, e nunca mais deu as caras. Mais novo entre quatro irmãos, ele estudou
até a oitava série (atual nono ano) e começou a usar cocaína aos 15, vício que
manteve até o início da vida adulta. Nos últimos dez anos, passou a utilizar
somente maconha.
—
Na nossa última conversa, no domingo à noite, eu disse que ele precisava parar
com isso. E ele prometeu que mudaria — conta Antonio.
Desempregado
há dois anos, Cleidenilson fazia bicos variados para se manter. Na
segunda-feira em que morreu, pintaria geladeira para uma vizinha. Com o
dinheiro, gostava de fazer pequenos agrados à família. O último, no Dia das
Mães, foi uma TV de 14 polegadas dada a Maria.
Matéria
publicada no site Jornal Pequeno
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