Senado aprova PEC da reforma política em primeiro turno – Agência Senado |
BRASÍLIA – O Senado aprovou nesta
quarta-feira, em primeiro turno, por 58 votos favoráveis e 13
contrários, a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) que estabelece o
fim das coligações nas eleições proporcionais a partir de 2020 e cria
cláusula de desempenho para acesso ao Fundo Partidário e ao tempo de
propaganda gratuita de rádio e TV. De autoria dos senadores tucanos
Ricardo Ferraço (ES) e Aécio Neves (MG), a emenda quer conter a
proliferação de partidos no país. A medida ainda tem de ser aprovada em
segundo, previsto para ocorrer dia 23, e, depois, será encaminhada à
Câmara, onde deve enfrentar maiores dificuldades.
O plenário do Senado rejeitou destaques
ao texto e aprovou substitutivo elaborado pelo líder do governo na Casa,
Aloysio Nunes (PSDB-SP). O presidente do Senado, Renan Calheiros
(PMDB-AL), rejeitou argumentos apresentados pela oposição de que a
medida irá prejudicar os partidos pequenos:
– A reforma não prejudica partido nenhum. Ela tem uma transição e vai
depender da próxima eleição, e não da eleição passada – afirmou.
Encaminharam contra a medida o PT e a Minoria. O líder da Rede,
Randolfe Rodrigues (AP), apresentou destaque segundo o qual Rede, PCdoB,
PSOL e PPS seriam menos afetados pela reforma.
– Encaminho contra a PEC, não é uma
posição unânime da bancada, mas uma coisa é eliminar partidos que hoje
apenas funcionam como legendas de aluguel. Mas, considerando que há
outros partidos, que são ideológicos, o PT vota contra – afirmou o líder
do PT, Humberto Costa (PE).
– A manutenção do sistema político-partidário brasileiro inviabiliza o Congresso brasileiro – afirmou Ricardo Ferraço.
Segundo levantamento feito pelo GLOBO, a aprovação da cláusula de desempenho pode acabar com 26 dos 35 partidos
existentes hoje. Segundo a PEC, para superar a cláusula de barreira, os
partidos precisam atingir 2% dos votos válidos em todo o território
nacional, além de obter 2% dos votos válidos em, pelo menos, 14 unidades
da Federação. O cumprimento de apenas um desses requisitos não é
suficiente para que o partido ultrapasse a cláusula de barreira.
Na Câmara, a preocupação maior com as
mudanças é com uma regra de transição para passar a vigorar o fim da
cláusula de desempenho, das coligações e a formação de federações
partidárias. Ontem, antes do projeto ser apreciado pelos senadores,
deputados se reuniram com Renan Calheiros e Aécio Neves para defender
uma fórmula. O deputado Orlando Silva (PCdoB-SP) afirmou que, com uma
regra de transição, seu partido passaria a aderir às mudanças propostas
pelos senadores.
O presidente da comissão da Reforma
Política na Câmara, deputado Lúcio Vieira Lima (PMDB-BA), disse que os
três pontos são polêmicos e que, para evitar dificuldades na votação da
matéria pelos deputados, é necessário que se estabeleça uma transição.
Além da fórmula, nos bastidores,
deputados dizem que a votação da PEC pode interferir na eleição do
próximo presidente da Câmara. Como partidos do “centrão” serão afetados
pela cláusula de desempenho e fim das coligações, poderá haver um
movimento de apoio a um nome de um dos partidos médios.
– Acho complicado Rodrigo Maia pautar essa PEC com sua reeleição no
horizonte. Isso pode levar os deputados de partidos médios e pequenos a
optarem por um candidato do centrão – avaliou um líder partidário.
Em setembro, a medida foi aprovada em votação relâmpago, em menos de
dez minutos e sem discussão, na Comissão de Constituição do Senado.
Por JÚNIA GAMA E SIMONE IGLESIAS (o globo)
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