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segunda-feira, 21 de dezembro de 2015

Árvore de Natal na Casa de Cristo


Dostoiévsky conta uma estória, que ele chamou de "Árvore de Natal na Casa de Cristo", em que uma criança de rua, no frio intenso do inverno russo, sai pelas casas e observa, de uma das janelas, as luzes de natal, a mesa farta, as crianças correndo e brincando felizes...e uma mulher o espanta com uma moeda. O menino recebe e sai pela rua, mas logo é encontrado por uns meninos maus, que batem nele. 

O menino corre e se esconde atrás de uma pedra. Sente um profundo sono e um conforto naquele lugar. Ouve sua mãe o chamando. Olha um grande brilho e vê crianças felizes voando e uma enorme árvore verde brilhando...era a festa na casa de Cristo, para aquelas crianças que não tiveram natal. 

E se a felicidade, a solidariedade e a bondade do Natal fosse estendida a todos e durasse mais? Seria algo como queria Carlos Drummond, para quem não seria difícil imaginar, com o desenvolvimento do homem, que o ano inteiro se transformasse em Natal. Como ele mesmo dizia em "Cadeira de Balanço": "Então nos amaremos e nos desejaremos felicidades ininterruptamente, de manhã à noite, de uma rua a outra (...) os bens serão repartidos por si mesmos entre nossos irmãos, isto é, com todos os viventes e elementos da terra, água, ar e alma (...) A poesia escrita se identificará com o perfume das moitas antes do amanhecer, despojando-se do uso do som (...)." 

Talvez isso seja ilusório no mundo de hoje, mas existe uma utopia possível na ação de cada um. Basta lembrar a lição do ganancioso e mercenário Scrooge, que inspirou o personagem Tio Patinhas, em "Um Conto de Natal", de Charles Dickens: "(...) viram diversas coisas e foram muito longe, visitando muitas casas, sempre com um final feliz. O Espírito parou ao lado da cama dos doentes, e eles ficaram contentes; parou ao lado de homens que estavam em terras estrangeiras, e eles sentiram-se em casa; visitou homens que estavam lutando, e eles renovaram as suas esperanças; aproximou-se dos pobres, e eles sentiram-se ricos; nos albergues, hospitais e prisões – em cada lugar onde havia sofrimento, onde a mesquinha autoridade dos homens não tinha batido a porta na cara do Espírito de Natal, ele deixou sua bênção, ao mesmo tempo ensinando a Scrooge a sua lição". 

Essa é a lição de que ter bondade é ter coragem e que a compaixão é fortaleza, como cantou Legião Urbana. É nesse sentido que, em cada Natal, ao celebrar o nascimento do menino Jesus, lembramos do convite (Lc 19,1-10), mesmo ante a tantos obstáculos, para que Ele habite em nossa Casa e faça desse lar o Natal de todos os dias. 

Por Orleans Silva

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