A deputada Valéria Macedo usou a tribuna na sessão desta terça-feira
(5), para chamar atenção da população para a campanha “Setembro Verde”,
que tem como objetivo sensibilizar e conscientizar a população sobre a
doação de órgãos e tecidos humanos. A parlamentar é autora da Lei de nº
10.373, que foi sancionada em 2015 pelo governador Flávio Dino e ficou
instituído no Calendário Oficial do Estado do Maranhão este mês como
‘Setembro Verde’.
Pela lei, durante todo o mês de setembro, os prédios públicos serão
iluminados com a cor verde. A parlamentar destacou a importância da
doação de órgãos e, especialmente, da realização de amplas campanhas
publicitárias em diversos tipos de mídias chamamento da população e das
famílias para este assunto, que ainda é muito delicado no seio das
famílias maranhenses e brasileiras.
A deputada destacou a importância do diálogo com a família para a
doação. “A mobilização em torno da doação de órgãos é fundamental para o
sucesso desse trabalho, tendo em vista que em nossa legislação a doação
de órgãos para transplante só pode acontecer através da autorização
familiar, sendo assim provocar a conversa sobre esse tema em família é a
melhor forma de incentivar as pessoas à comunicarem sua vontade e dessa
forma os familiares tenham mais segurança e clareza no momento de
decidir sobre a possível doação de órgãos de um ente querido", disse
Valéria Macedo, acrescendo que “na minha casa já avisei para minha
família: sou doadora. E acho essa decisão uma das mais expressivas
manifestações de solidariedade e humanismo.
De acordo com a coordenadora da Central de Notificação, Captação e
Distribuição de Órgãos do Maranhão (CNCDO/MA), doutora Maria Inês
Oliveira, com o enorme avanço científico dos últimos anos, a maioria dos
transplantes tem possibilitado o reinício de uma vida saudável e digna a
muitos pacientes. “São histórias de sucesso que só acontecem graças à
solidariedade das famílias que entendem que doar órgãos é realmente doar
vida”, afirmou.
Dados
No Brasil a doação é consentida e somente pode ser concretizada
diante da autorização da família. De acordo com dados do Registro
Brasileiro de Transplantes (RBT-ABTO), o Maranhão apresentou taxa
elevada de negativa familiar para doação de órgãos e tecidos em 2016
(63%) implicando num número de transplantes renais e de córneas no
estado muito aquém das necessidades do estado.
O primeiro semestre de 2017, segundo o RBT-ABTO, foram realizados, no
Maranhão, 26 transplantes renais, todos no HUUFMA, e 119 transplantes
de córneas, ambos representando aumento considerável em relação ao mesmo
período do ano anterior, 160% e 45%, respectivamente.
Hoje, no Maranhão, há uma lista de espera de córneas com mais de 700
pacientes ativos e de rim com mais de 200 pacientes ativos, que esperam
numa fila a doação de um órgão para transplante.
A doação somente é permitida após a morte encefálica, ou seja, quando
o paciente não tem mais condições vitais do sobreviver. As condições
técnicas médicas hoje são as mais evoluídas do ponto de vista humano, de
modo que as doações de órgãos não implicam mutilações, alterações dos
corpos e até a doação de córneas não deixam vestígios no corpo dos
pacientes mortos. É um trabalho técnico cuidadoso e humanizado e o que é
mais importantes os órgãos doados possibilitam um novo coração para
outra pessoa, rins e outros órgãos que possibilitarão outras pessoas
terem uma vida digna e sadia após o transplante. “Para nós brasileiro a
morte ainda é um tabu apesar de todos nós termos a certeza clara e
evidente de sua inevitabilidade, e este tabu infelizmente se estende a
doação de órgãos, muitas das vezes por falta de esclarecimento e da
importância para pessoas que podem ter uma vida saudável após o
transplante”, disse Valéria.
Esse registro brasileiro evidencia que, de janeiro a junho de 2017,
houve notificação, pelos hospitais maranhenses, de 87 potenciais
doadores porém somente 8 se tornaram doadores efetivos, se configurando
como uma das mais baixas taxas de efetivação de doadores do Brasil e com
o mais alto índice brasileiro de negativa familiar (69%). A doação de
órgãos do Corpo humano no Maranhão ainda é um tabu para a maioria das
famílias.
Incentivo à campanha Setembro Verde
No dia 13 de setembro às 11h, a deputada Valéria Macedo, defensora da
causa realizará uma sessão solene, às 11h no plenário da Assembleia
Legislativa do Maranhão para debater a temática sobre o “Setembro Verde”
junto com a Central Estadual de Transplantes e outras instituições.
A campanha visa estimular o diálogo acerca da doação de órgãos no
seio das famílias maranhenses esperando a redução das taxas de negativa
familiar à doação no Estado. A campanha deste ano traz o slogan “É HORA
DAQUELAS DUAS PALAVRINHAS COM SUA FAMÍLIA: SOU DOADOR”.
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