Descerramento da placa com familiares de Assis e alunos do IEMA (Foto: Divulgação) |
Em
defesa da memória do lavrador Francisco de Assis Ferreira, da verdade, e
como uma forma de promover reparação imaterial, o Governo do Maranhão
instaurou, em 2020, por meio da Secretaria de Estado dos Direitos
Humanos e Participação Popular (Sedihpop), o Processo Administrativo n°
31.355. O processo segue as recomendações do Acordo n° 12.726 –
Francisco de Assis Ferreira e familiares, estabelecido no âmbito da
Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), que contempla a
conclusão da Organização dos Estados Americanos (OEA), que aponta a
responsabilidade civil do Estado Brasileiro pelo assassinato do lavrador
e a necessidade de reparação imaterial, reabertura das investigações,
atenção à saúde dos familiares e estruturação de políticas públicas de
não repetição.
“Neste
sentido, investimos na dispensa de diversas homenagens ao Assis, que
representa não só a luta pela terra, mas também a necessidade de
protegermos os defensores e defensoras de Direitos Humanos, garantindo a
vida dessas pessoas e o direito de continuar as suas lutas, que
reivindicam um mundo melhor, uma vida digna; e aponta para nós,
gestores, os reais problemas do nosso Estado. Em 1991, o Estado falhou e
nós atuamos para não falhar mais. Deste modo, trabalhamos com a
estruturação de políticas públicas e de ações que enfrentem e previnam a
violência no campo, tais como a manutenção do funcionamento do Programa
Defensores, a certificação de comunidades tradicionais, as mediações
promovidas pela Coecv, o trabalho das adjuntas de Povos e Comunidades
Tradicionais e de Povos Indígenas, além da atuação da Secretaria de
Estado de Igualdade Racial”, destacou a secretária de Estado de Direitos
Humanos, Amanda Costa.
A
manutenção de tais ações, destacadas pela secretária, correspondem à
cláusula sexta do Acordo estabelecido com a CIDH: “O Estado do Maranhão,
no âmbito das suas competências constitucionais, manterá a prevenção e
enfrentamento à violência decorrente de conflitos por terra como
objetivos da sua atuação e com a finalidade de garantir acesso à Justiça
e promover a paz no campo e na cidade. (...).” Em resposta às demandas
do Acordo, o Campus do Instituto de Educação, Ciência e Tecnologia do
Maranhão (IEMA) de Peritoró foi batizado com o nome de Assis. A placa in
memoriam foi fixada no prédio durante a Semana Estadual de Direitos
Humanos de 2022, na segunda-feira (12), conforme cláusula quarta do
Acordo.
A
cerimônia contou com a presença da secretária de Estado da Sedihpop,
Amanda Costa; do coordenador da Comissão Estadual de Enfrentamento à
Violência no Campo e na Cidade, Jonata Galvão; do diretor-geral do IEMA,
Alex Oliveira; da diretora do IEMA do Campo/Peritoró, além do corpo
discente, docente e técnico. Também estiveram presentes os familiares de
Assis: os filhos Luciano, Marcya Jeane, Lucilene e Sueli; da bisneta
Lara Sophia e do genro, Francisco Felix, esposo de Marcya.
Ainda
como medidas de memória e verdade, a Sedihpop lançou, em dezembro de
2021, o Dossiê Temático com artigo sobre o Caso Francisco de Assis e o
processo de reparação conduzido a partir das Recomendações da CIDH;
houve uma publicação de artigo jornalístico no site “Pelo Mundo”, de
autoria do ex-secretário de Estado de Direitos Humanos e Participação
Popular, Francisco Gonçalves; e foi realizado, no dia 7 de dezembro de
2021, o I Encontro Francisco de Assis Ferreira, que reuniu lideranças de
comunidades e povos tradicionais em conflito socioambientais no
Maranhão, ações que correspondem à quinta demanda do acordo.
Sobre o conflito e a petição junto à OEA
No
final da década de 1950, um fazendeiro registrou indevidamente as
terras da gleba Conceição do Salazar, em Codó, e tentava expulsar as
famílias de trabalhadores rurais do local. O lavrador Francisco de Assis
Ferreira era uma liderança sindical que lutava pelo acesso à terra e
foi assassinado no dia 5 de novembro de 1991. Em 2001, diante do
arquivamento do caso na justiça brasileira, a Justiça Global e a SMDH
recorreram à Comissão Interamericana de Direitos Humanos da Organização
dos Estados Americanos (OEA), denunciando e responsabilizando o Estado
brasileiro pela morte de Assis.
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